1 de abril de 2011

Luiza Bairros espera coerência do Congresso em relação a Bolsonaro

A ministra Luiza Bairros espera do Congresso medidas coerentes
em relação às declarações racistas do deputado Jair Bolsonaro

A ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, comentou hoje (1/4) as denúncias de racismo e homofobia contra o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que deu declarações polêmicas em entrevista à TV. Ao programa de rádio Bom dia, ministro, da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), a ministra repudiou atos de discriminação contra qualquer grupo, sejam os negros, os homossexuais. Segundo ela, isso deve ser motivo de reprovação geral por toda sociedade.
 ― No caso específico desse deputado do Rio de Janeiro, a própria Câmara Federal tem se encarregado de tomar as medidas no sentido de avaliar se essa atitude, essas declarações devem ou não ser punidas.
A ministra afirma que já existem representações de diferentes deputados contra Bolsonaro. As quatro representações foram encaminhadas à Corregedoria da Câmara, que serão analisadas por Eduardo da Fonte, colega de partido do deputado.
― Nós esperamos que o Poder Legislativo tenha a capacidade de tomar a decisão que lhe parecer mais coerente, e coerente também com toda a reação de diferentes setores da sociedade, particularmente do movimento negro e do movimento LGBT.
Na última segunda-feira (28), ao responder a uma pergunta da cantora e apresentadora Preta Gil no programa CQC, da TV Bandeirantes, sobre o que faria se seu filho casasse com uma negra, Bolsonaro afirmou que não iria discutir "promiscuidade". Depois, o deputado disse que entendeu mal a pergunta e negou que estivesse sendo racista, mas confirmou que não admitiria que seu filho se tornasse homossexual.
Dois dias depois, após acusações e a revolta de movimentos em defesa dos direitos dos homossexuais, Bolsonaro disse que está se lixando “para o movimento gay”.
Nesta quinta-feira (30), o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que as declarações de Bolsonaro são uma “estupidez condenável”. O petista afirmou, entretanto, que, como parlamentar, não vai se envolver em nenhum movimento “que restrinja a imunidade de palavra do parlamentar”.
 ― Acho a declaração condenável, acho que mostra a estupidez do que é o pensamento político ideológico dele, mas defendo o Estado de Direito e acho que parlamentar tem imunidade de palavra. Não vou me envolver em nenhum movimento que restrinja a imunidade de palavra do parlamentar.

Igualdade racial


Durante o programa, Luiza Bairros comentou ainda o aumento de manifestações preconceituosas na internet. Para ela, quando as conquistas dos negros ficam mais evidentes também se tornam mais evidentes as reações de determinados setores que “querem que a sociedade permaneça da maneira como sempre foi".
 ― Na maior parte da vida [da sociedade] brasileira, o racismo não foi discutido abertamente, nunca foi admitido e, mais ainda, setores significativos não admitem que o racismo produza efeitos nas vidas das pessoas. E ele produz desvantagens na vida das pessoas negras da mesma forma com que produz vantagens na vida das pessoas brancas.
A ministra defendeu políticas para diminuir as desigualdades entre as pessoas, que devem contar com apoio de diferentes ministérios e setores sociais. Ela explicou que, por exemplo, para reduzir os índices de homicídio entre jovens negros, não basta criar ações de segurança pública. É preciso colocar os jovens na escola, ampliar oportunidades no mercado de trabalho e valorizar suas manifestações culturais, entre outras políticas.

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