8 de abril de 2011

Marcio Thomaz Bastos defenderá o sistema de cotas no Supremo

O jurista e ex-ministro da Justiça no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Marcio Thomaz Bastos, fará a defesa da política de reserva de vagas para negros nas instituições de ensino superior do país. O sistema de cotas adotado pela Universidade de Brasília (UnB) foi contestado pelo Partido Democratas (DEM), que arguiu a constitucionalidade da medida no Supremo Tribunal Federal.

A ADPF 186 está para ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal, mas a Associação Nacional dos Advogados Afrodescendentes (ANAAD), representada, gratuitamente, pelo escritório de Márcio Thomaz Bastos, solicitou a admissão formal de sua intervenção no processo, na qualidade de Amicus Curiae. Um dos principais articuladores da estratégia, o presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), advogado Eloi Ferreira de Araujo, comemorou o deferimento do pedido.

7 de abril de 2011

PROFUNDA TRISTEZA.CHORAMOS COM O RIO DE JANEIRO

Estudantes e entidades pedem investigação de Jair Bolsonaro

União Nacional dos Estudantes, UNE e representantes dos povos afro-descendentes entregam carta para presidente da Comissão de Direito Humanos, deputada Manuela D·Ávilla (PCdoB-RS)
Além dos estudantes, representantes de 22 entidades civistambém pediram investigação de Jair Bolsonaro.

Representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e de outras 22 entidades civis apresentaram nesta quarta-feira um documento à Comissão de Direitos Humanos e Minorias em que pedem a investigação do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) por suposto crime de racismo em comentários feitos durante o programa CQC, da TV Bandeirantes, exibido em 28 de março. O parlamentar nega a acusação.

“Não dá para um País, com teoricamente uma democracia plena, ter parlamentares preconceituosos, homofóbicos e machistas, como o deputado Bolsonaro”, disse o presidente da Ubes, Yann Evanovick.

A presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputada Manuela D´Ávila (PCdoB-RS), elogiou o protesto dos estudantes. “Isso significa que a sociedade brasileira está revoltada e que o nosso povo não é alienado”, disse.

Corregedoria


Jair Bolsonaro já é alvo de seis representações encaminhadas à Corregedoria Parlamentar em razão dos comentários feitos no programa de televisão. Ele foi notificado hoje e tem até cinco dias úteis para apresentar sua defesa. O deputado, porém, afirmou que deve se defender antes do fim do prazo regimental. “Tenho a certeza de que vou pulverizar essas denúncias”, disse, sem adiantar o teor do documento.

Afastamento da comissão

Jair Bolsonaro é também integrante da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Manuela D´Ávila defende o afastamento do deputado e a indicação de outro nome do PP para o colegiado. “Há um desconforto notório; basta perguntar para a população brasileira se acha adequado que um deputado que não defende os direitos humanos esteja na Comissão de Direitos Humanos. É contraditório e até irônico”, argumentou.

O líder do PP, Nelson Meurer (PR), contudo, já confirmou que deve manter Bolsonaro na comissão. Segundo ele, não há qualquer motivo para afastá-lo. “Vivemos em uma democracia, e a democracia precisa de contraditórios”, argumentou.


Reportagem – Carolina Pompeu
Agência Câmara

6 de abril de 2011

Bolsonaro é notificado pela Corregedoria da Câmara

No fim da manhã de hoje, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) foi notificado sobre as representações que tramitam na Corregedoria da Câmara. Ele é acusado de quebra de decoro parlamentar por suas declarações racistas no programa CQC, da Rede Bandeirante, em 28 de março último.

Ontem, terça-feira (5/4), pouco mais de 100 pessoas participaram da manifestação contra Bolsonaro, na Candelária, Rio de Janeiro. O ato público foi organizado pelo Movimento Unegro. De acordo com um dos líderes do movimento, Edson França, episódios como os protagonizados por Bolsonaro e o deputado evangélico Marco Feliciano (PSC-SP), que disse que os negros são amaldiçoados, não são isolados. "O problema com as pessoas que dão essas declarações discriminatórias é a contundência de estar falando isso. Elas fazem essas declarações discriminatórias por todo o Brasil", afirmou o militante.

Edson Santos afirmou ainda que imunidade parlamentar deve ser garantida, porque ajuda na democracia. Mas ressalvou: "Agora, ela não pode cobrir crime, como o do Jair Bolsonaro. Racismo é crime". O líder do Unegro avisou que criará uma ação de opinião nacional. "Vamos abrir o processo contra o Bolsonaro, acusando-o de quebra de decoro parlamentar. E, com isso, vamos pedir a sua cassação."

Delfim Neto compara doméstica a animal

Trabalhadora negra é tratada por "exu" e é demitida grávida. Justiça condena empresa

Quando imagina-se que os ataques reacionários de alguns parlamentares são o fim do mundo, eles ainda estão só no começo. No fim da tarde desta terça-feira, recebemos do umbandista Átila Nunes Neto o relato sobre um episódio ocorrido no Rio Grande do Sul tão triste quanto os da semana passada protagonizados por dois deputados federais.

Uma trabalhadora negra foi demitida mesmo depois de dizer que estava grávida. Segundo as testemunhas, enquanto esteve empregada como vendedora da emrpesa Clic Top Models Produções Fotográficas Ltda era tratada pelo chefe com apelidos como “exu” e “lavadeira”.

A Clic Top Models foi condenada, pela 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho, no  autos do Processo nº . 0072700-82.2008.5.04.0025, ao pagamento de indenização no valor de R$ 30 mil por danos morais.

Ao comentar o fato, Átila Nunes Neto afirma que “o racismo e o fanatismo não são insuperáveis. Dá para minimizar esse irracionalismo”. E acrescenta: “Cabe-nos sempre reagir dentro dos limites legais. E leis não faltam no Brasil. Uma sociedade justa depende do respeito mútuo. E o único caminho é a educação ― no lar e na escola ― para se combater a ignorância, razão da fomentação ao preconceito”.
“O preconceito é uma opinião não submetida à razão”, arremata o jovem Átila Nunes Neto.

AVISO; Reunião hoje pela Marcha Nacinal contra a Intolerância

O Centro de Tradições Afro-brasileiras (Cetrab) convida toda sociedade civil, assim como membros e dirigentes dos movimentos afroreligiosos, afrodescendente, para reunião emergencial, aonde apresentaremos a minuta do documento que esta sendo elaborado, o mesmo após anuência de todos será compartilhado com as demais lideranças nacionais para que possam contribuir na construção  do mesmo e na viabilidade da “Marcha Nacional contra todo e qualquer tipo de preconceito”.
A reunião ocorrerá hoje (6/4), às 18h, na sede nacional do Cetrab, situada na W3 Sul, SHIGS 705 Bloco A, Casa 35.
 
Contato:
Alexandre de Oxalá
Gestor da Rede Afrobrasileira Sociocultural
Presidente do Cetrab-DF
Brasileiro extremamente revoltado e triste com o que vem ocorrendo em nosso país.
Tel:  (61) 9100-6132
E-Mail:  redeafro@hotmail.com

5 de abril de 2011

Afroreligiosos protestam no Congresso

Indignados com as recentes manifestações de racismo dos deputados federais Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Marco Feliciano (PSC-SP) contra a população negra do país, integrantes do Fórum Religioso Permanente Afrobrasileiro do Distrito Fedral e Entorno (Foafro)  farão, nesta quarta-feira, a partir das 13h, uma manifestação de repúdio diante do Congreso Nacional. A concentração será no Salão Mário Covas (entrada pelo Anexo 3), ao lado do corredor das Comissões.
A iniciativa se somará à de outros movimentos que também marcaram para esta quarta-feira atos de protestos contra os dois deputados. Os setores organizados da sociedade contra o racismo, a homofobia reivindicam que a Câmara avalie a conduta racista dos dois parlamentares e encaminha à Corregedoria da casa e, em seguida, ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar para abertura de processo eventual quebra de decoro parlamentar. A maioria dos grupos chega à capital federal carregando o slogan "Fora Bolsonsaro", levando em conta que o deputado é reincidente nos seus ataques aos negros e aos homossexuais.
No programa CQC, levado ao ar dia 28 último, pela Rede Bandeirantes, Bolsonaro associou a mulher negra à promiscuidade. O pastor Marco Feliciano, logo em seguida, colocou no Twitter uma mensagem afirmando que os negros eram descendentes "amaldiçoados" por Noé.

Discriminação por sexo leva rede Walmart à suprema corte dos EUA

Qualquer semelhança com a realidade brasileira não é mera coincidência. Os juízes da suprema corte norte-americana têm até junho para decidir se darão prosseguimente à maior ação da história do país. A rede de supermercados Walmart é acusada por nada menos do que 1,5 milhão de mulheres de discriminar e criar barreiras à ascenção funcional das funcionárias nos Estados Unidos. A empresa paga salários menores às mulheres e dá prioridade aos homens na hora de dar aumentos.
No Brasil, as mulheres ganham em média 70% do que é pago aos homens pelo exercício da mesma função.  Se for negra, a situação é bem pior.

A discriminação por sexo nos Estados Unidos é crime. Em 2004, uma corte americana decidiu que o processo poderia valer também para todas as trabalhadoras da empresa empregadas desde 1998.
A rede Walmart recorreu. A vice-presidente da companhia diz que os casos não devem ser generalizados e que há experiências positivas de outras mulheres dentro da empresa, como a dela.

O desenrolar desse processo contra a Walmart tem sido acompanhado de perto por várias outras companhias nos Estados Unidos. Entre os empresários há o receio de que uma ação como esta ― se for adiante ― possa provocar uma avalanche de novos processos por discriminação no trabalho contra grandes empresas. O que significaria bilhões de dólares em indenizações.



Fonte: G1 com redação do NegritudeDF

4 de abril de 2011

A cada um dia e meio um homossexual é morto no Brasil

Em 2010, 260 gays, travestis e lésbicas foram assassinados no Brasil. De acordo com um relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB), divulgado nesta segunda-feira (4/4), a cada um dia e meio um homossexual brasileiro é morto. Nos últimos cinco anos, houve aumento de 113% no número de assassinatos de homossexuais. Apenas nos três primeiros meses de 2011 foram 65 assassinatos.

Entre as vítimas, 54% são gays, 42%, travestis e 4%, lésbicas. Para o antropólogo responsável pelo levantamento, Luiz Mott, as estatísticas são inferiores à realidade. “Esses 260 assassinatos documentados são um número subnotificado, porque não há no Brasil estatísticas oficiais de crimes de ódio. Para os homossexuais, a situação é extremamente preocupante.”

O estudo também aponta que o Brasil lidera o ranking mundial de assassinatos de homossexuais. Nos Estados Unidos, foram registrados 14 homicídios de travestis em 2010, enquanto no Brasil, foram 110 assassinatos. Além disso, o risco de um homossexual ser morto violentamente no Brasil é 785% maior que nos Estados Unidos.

De acordo com Mott, esse aumento é resultado do aumento da violência e da impunidade. “Há um crescimento da quantidade de assassinatos. Além disso, menos de 10% desses assassinos são presos e sentenciados. Atualmente, a visibilidade dos gays é maior, pois há muitos se assumindo e isso provoca o aumento da intolerância.”

Entre os estados brasileiros, a Bahia lidera, pelo segundo ano consecutivo, o ranking nacional. Foram 29 homicídios em 2010. Alagoas ocupa a segunda posição, com 24 mortes; seguido pelo Rio de Janeiro e São Paulo, com 23 assassinatos cada. De acordo com o relatório, Alagoas também é o estado que oferece maior risco para os homossexuais. Maceió é a capital onde mais gays são assassinados - com menos de 1 milhão de habitantes, a cidade registrou nove homicídios.

Nordeste
Segundo o estudo, o Nordeste é a região mais homofóbica do país. O Nordeste abriga 30% da população brasileira e registrou 43% dos homossexuais assassinados. Vinte e sete por cento dos assassinatos ocorreram no Sudeste, 9% no Sul, 10% no Centro-Oeste e 10% no Norte. O risco de um homossexual do Nordeste ser assassinado é aproximadamente 80% mais elevado que no Sul ou no Sudeste.

De acordo com Mott, essa situação pode ser revertida com educação sexual nas escolas, maior rigor da polícia e da Justiça, políticas afirmativas que garantam a cidadania plena de 10% da população e maior cuidado dos próprios gays, travestis e lésbicas.

O GGB vai denunciar o governo brasileiro à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) e à Organização das Nações Unidas (ONU) por crime de prevaricação e lesa humanidade contra os homossexuais.
Fonte: Agência Brasil

O caso da galinha que virou galo



Bertie era conhecido como Gertie, uma galinha de um simpático casal inglês… Até que algo aconteceu: seu papo cresceu, sua crista esticou e ela (pausa dramática) começou a cantar (como um galo!). Qual a razão disso?

O casal Jeanette e Jim Howard tem uma criação de galinhas no condado de Cambridgeshire, Inglaterra. Uma certa galinha começou a agir de forma diferente das outras: parou de botar ovos, ficou mais “forte” e passou a tomar atitudes diferentes de suas amigas.


Por mais estranho que possa parecer, a veterinária Marion Ford lembra que mudança de sexo entre galinhas ocorrem, em média, a cada 10 mil aves. O motivo, segundo estudos, são os fungos nas rações que acabam tendo efeito de hormônios sintéticos.

Antes que você diga “tá, mas o que isso tem a ver com sustentabilidade?”. Talvez nada, mas tem muito a ver com cidadania. E em tempos que até deputados falam besteira em rede nacional, sempre é bom saber que mudança de sexo é algo natural e que todos merecem o mesmo respeito.

Fonte: Ecoplanet

Cultura Afro-brasileira

Chegou o dia do nosso setorial.  Todo o Distrito Federal está realizando conferências regionais, setoriais e livres para a III Conferência Distrital de Cultura.  Hoje a Pré-conferência de Cultura Afrobrasileira será no Espaço Cultural Renato Russo (508 sul), às 19h. Quem não fez o credenciamento convém chegar um pouco antes!

Hoje serão eleitas e eleitos delegadas e delegados e tiraremos propostas a serem encaminhadas para a Plenária Final. Para cada dez pessoas presentes, é possível eleger uma delegada ou um delegado, então, temos que simplesmente lotar o local para garantir máxima representação da nossa temática.

Como sabem, a população negra do DF chega a quase 50% e está presente em todas as Regiões Administrativas. A cadeia produtiva da cultura no DF está cercada por artistas, intelectuais e gestoras/es negros, trabalhando, ou não, com o recorte racial.  No ano de 2010 tivemos três importantes conferências, onde formulamos propostas que podemos agora revisitar, incorporar e reafirmar 1. Conapir, Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial 2. Conferência Nacional de Cultura Afro-brasileira 3. Conferência Nacional de Comunicação, onde houve intensa movimentação das Cojiras e Conajira (Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial e Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial). Estamos munidas e munidos. 

 Conferência de Cultura do Distrito Federal será realizada de 28 de abril a 1 de maio. Lá também deveremos estar todos e todas juntas, seja para votar propostas, observar ou simplesmente compor e reforçar quantas e quantos somos, nossa força.

Vamos compor no sentido de mostrar força, presença e consistência de nossas propostas. Penso que por meio da discussão e implementação de políticas públicas para a cultura avançaremos muito na luta por igualdade racial no DF. 

Para ter acesso a mais informações acessem: http://www.conferenciaculturadf.blogspot.com/


"Fora Bolsonaro: Movimento Negro pede cassação de deputado racista

Câmara dos Deputados vai ser palco de uma manifestação contra 
o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) na próxima quarta (6).

      
O parlamentar revoltou seus colegas no Congresso Nacional e provocou a ira do movimento negro nacional e dos movimentos sociais em geral ao dar uma polêmica entrevista no quadro “O povo quer saber” do programa CQC, da TV Bandeirantes, na última segunda (28). O “Fora Bolsonaro” será à tarde e promete mobilizar centenas de pessoas. Bolsonaro "destilou veneno" contra negros e homossexuais.

     Nas respostas aos telespectadores do programa, o deputado demonstrou sua homofobia e deu declarações racista, entre as quais não aceitar viajar em avião pilotado por cotistas ou ser atendido por médico que cursam Medicina como cotista.

     Mas a parte mais polêmica foi ao responder à cantora Preta Gil, que perguntou o que ele faria se o filho dele se apaixonasse por uma negra. Bolsonaro disse que filhos dele não vivem em ambiente promíscuo como o que ela viveria.

     “Ô Preta, eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja, eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o seu”, disse Jair Bolsonaro. Por conta dessas declarações, Jair Bolsonoro corre o risco de perder o mandato. Dois dias depois um grupo de 20 parlamentares ingressou com um pedido, junto à comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara pedindo uma investigação contra o deputado.

     “Esta resposta caracterizada por evidente cunho racista culminava numa série de afirmações em desapreço a diversos grupos sociais e em apologia a graves violações de direitos humanos, no decorrer de toda a referida entrevista”, diz o texto da representação contra Bolsonaro. “Na realidade, têm sido recorrentes as manifestações de cunho racista proferidas pelo senhor Jair Bolsonaro nesta Casa e fora dela, contra diversos grupos sociais e organizações defensoras de direitos humanos, dentre as quais a própria comissão de Direitos Humanos e Minorias, da qual ele é membro suplente por designação do partido a que é filiado, o PP”, acrescenta o documento.

    A representação lembra que “a difusão de conteúdos ideológicos por meio da mídia eletrônica é de conhecido poder de multiplicação” e que o “Senhor Jair Bolsonaro ao utilizar-se de um espaço midiático para propagar atos que configuram crimes, extrapola a liberdade de expressão para ofender a dignidade, a autoestima e a imagem não só da pessoa que fez a pergunta naquele momento, mas de toda a sociedade, uma vez que os direitos e princípios constitucionais ofendidos pertencem à toda a sociedade”.

    Por fim a representação pede “a instauração do devido procedimento contra o deputado Jair Bolsonaro, para que seja:
    1) Avaliada se a conduta do Deputado Jair Bolsonaro configura efetivamente a prática do crime de racismo;
    2) Determinadas providências para requisição de vídeo tape do programa CQC à TV Bandeirantes exibido na noite de 28 de março de 2011 para melhor exame do caso;
    3) Determinadas providências para requisição de transcrições de discursos do referido deputado nos quais se demonstram as práticas recorrentes de injúrias, ofensas à dignidade e incitação da discriminação e preconceitos, inclusive contra a Comissão de Direitos Humanos e Minorias;
    4) Encaminhe à Corregedoria e, posteriormente, ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar abertura de processo sobre eventual quebra de decoro parlamentar”.

Marcha contra a intolerância é marcada para 25 de maio


Representar ao Ministério Público Federal, exigir da Câmara dos Deputados, com base na Constituição Federal e na legislação vigente, providências rigorosas contra os parlamentares que, nos últimos dez dias, fizeram declarações ofensivas, racistas e homofóbicas contra a população negra do país, bem como organizar a marcha contra a intolerância a Brasília. Essas foram algumas decisões tomadas no fim da tarde de domingo, na sede nacional do Centro de Tradições Afro-brasileiras (Cetrab), recém-inaugurada na capital federal.

Inicialmente, a Marcha contra a intolerância está marcada para 25 de maio. Até lá, todas as instituições deverão fazer uma ampla mobilização  nos estados, a fim de trazer o maior número de pessoas à capital da República para um grande ato público contra o racismo, a discriminação e a homofobia.

Do encontro participaram acadêmicos, representantes partidários, de movimentos sociais, da Igreja Católica, organizações de direitos humanos, e líderes religiosos dos cultos de matriz africana e os dirigentes do Cetrab.  Diante das análises dos episódios protagonizados por parlamentares de racismo explícito contra os negros, parcela majoritária da sociedade brasileira, por consenso a cobrança é no sentido de que contra eles seja aplicada apenas a legislação em vigor, que coíbe tais práticas.

Nutrição dos quilombolas

O governo brasileiro vai realizar a partir deste mês um censo nutricional nas comunidades quilombolas, grupos étnico-raciais descendentes de escravos negros, para avaliar a situação da segurança alimentar de mais de 11 mil famílias de afrodescendentes.

“A expetativa é diagnosticar a situação da segurança nutricional e alimentar nas comunidades quilombolas onde a situação já estava bastante inferior ao padrão internacional”, disse a diretora de avaliação do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Júnia Quiroga.

O levantamento é financiado pelo MDS em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e conta ainda com apoio da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), da Fundação Palmares, Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ).

3 de abril de 2011

Artigo: O penhor dessa igualdade

Daniel Piza,
O Estado de S.Paulo


Diz a autoimagem brasileira que aqui não há racismo, que existe uma vocação para aceitar a diversidade que viria da mistura étnica que nos formou. Muito antes de Gilberto Freyre já se propagava essa ideia. Mas essa autoimagem não descreve nem o passado nem o presente da nação.

A demora em abolir a escravidão e a demora em incorporar os negros e seus descendentes no progresso democrático, até hoje, põem por terra a afirmação de que a ausência da segregação explícita - vista até os anos 50 em países como os EUA - significa uma espécie de superioridade inerente.

É fato que a mestiçagem evitou ou ajudou a evitar tais extremos, mas daí a achar que o gosto do colonizador português por mulheres negras e a índole cordial bastaram para criar uma sociedade livre de racismo, vai atlântica diferença.

Quando ouço as declarações desse deputado Jair Bolsonaro sobre a "promiscuidade" que seria ter uma mulher negra, para não falar do pastor evangélico que escreveu que a herança africana é "maldição", estou ciente de que eles não refletem a maioria dos brasileiros.

Mas não subestimo quantos não pensam ou dizem às escondidas a mesma coisa, e fico indignado quando vejo o modo como os ricos e as autoridades deste país tratam seus empregados, não raro de pele mais escura que a sua.

Mais importante ainda, não esqueço que algumas instituições brasileiras, sobretudo a polícia, são eivadas desse preconceito. E lembro como são poucos os negros na "elite" brasileira, os Obamas e as Oprahs, e em algumas profissões, como os garçons.

Ok, o deputado tem o direito de dizer o que pensa, mas nós temos o dever de criticá-lo. E quando ele diz coisas como a de que não teria um filho gay porque sabe como "educá-lo" está indo muito além de uma mera discordância sobre a união civil para casal homossexual; está dizendo que acha que essas pessoas são mal-educadas e, logo, são aberrações que merecem corretivo, para usar termos a seu estilo.

E então sabemos de gays que são agredidos criminosamente na Avenida Paulista e nada ouvimos em sua defesa por parte do deputado, cuja obrigação é zelar pelas leis. Para piorar, ele tenta escapar da acusação de falta de decoro e incitação ao ódio usando o mais velho expediente dos preconceituosos, o de ter amigos ou parentes negros ou gays.

Essa história de que os brasileiros são afetuosos e, portanto, não discriminam etnias e sexualidades também está demorando para acabar. Afinal, este país é o campeão mundial de violência doméstica contra as mulheres. Rodo por todos seus pontos cardeais e me canso de ver mães solteiras, muito jovens, que algum malandro engravidou e depois abandonou.

Não, a sociedade brasileira está longe de ser um exemplo de harmonia entre as diferenças; sob a capa do sorriso fácil, do tapinha nas costas, muitos vezes há a mais cruel deslealdade, a mais velada arrogância.

Só merece afeto quem antes cultiva o respeito.

Polícia identifica extremistas que agridem negros e gays

As tatuagens usadas pelos skinheads exaltam a violência, Hitler e o nazismo

São Paulo - Agentes da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância da Polícia Civil de São Paulo identificaram 200 integrantes de 25 gangues que apavoram gays e negros nas ruas da cidade. Os extremistas Skinheads têm entre 16 a 28 anos e são investigados por "crimes de órdio que deram origem a 130 inquéritos policiais. De acordo do com reportagem de Laura Capriglione, na edição de hoje (3/4) do jornal Folha de S.Paulo, os jovens cultuam Hitler, suásticas e o número 88. A oitava letra do alfabeto, H, é usada em dobro "HH", a saudação nazista "Heil, Hitler". As tatuagens grandes trazem inscrições como "ódio", "Hate" ou "ame odiar". Aliás, eles odeiam homossexuais e negros e são direitistas. Os skinheads têm o hábito de beber baldes de álcool.

Curtinhas

   Marcha nacional contra o preconceito
O Centro de Tradições Afro-brasileiras (Cetrab) realiza hoje (3), às 16h, uma ampla reunião emergencial para deliberar sobre a marcha nacional contra qualquer tipo de preconceito. Foram convocados integrantes dos movimentos afroreligiosos, afrodescendente, LGBTT, feminista e indígena.
Sede da Cetrab em Brasília  SHIGS 705 Bloco A Casa 35

   Cunhado 75% negro
O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que associou os negros à promiscuidade, promete exibir o retrato de um cunhado que é 75% negro, como prova de que não é racista.

   Passarinho critica Bolsonaro
O ex-senador e ex-ministro de várias pastas durante os regimes militares, Jarbas Passarinho (foto), militar da reserva, condenou as declarações racistas de Bolsonaro. Segundo Passarinho, Bolsonaro não expressa o pensamento dos militares brasileiros. "Nem todos os militares estão ligados a ele (Bolsonaro), mas como ele é o único que aparece falando...", disse Passarinho em entrevista ao Terra Magazine.

   Legislador inexpressivo
O deputado federalJair Bolsonaro, hoje com um salário superior a R$ 26 mil, sem contar com as verbas de gabinetes e outros benefícios dados aos parlamentares, tem uma relação ridícula de proposições apresentadas durante os seus mandatos. Vale lembrar que grande parte dos recursos que banca o salário de deputado vem também do trabalho dos negros brasileiros, a quem ele associa à promiscuidade. Saiba quais são os projetos de Bolsonaro:
Permite comercialização e uso de armas de fogo.
  Inclui como crime hediondo o roubo de veículos automotores.
  Reduz para 21 anos a idade que permite esterilização voluntária e revoga o dispositivo que exige o consentimento do cônjuge em caso de sociedade conjugal.
  Estabelece que o disparo de arma de fogo em caso de legítima defesa própria ou de outrem não se configurará como crime inafiançável.
  Exclui da relação de circunstâncias atenuantes em casos de crime o fato de o agente ter idade entre 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos.
  Exige que civis, de ambos os sexos, coloquem a mão direita sobre o lado esquerdo do peito durante a execução do Hino Nacional e apresentação da Bandeira Nacional.
  Prevê a realização de laqueadura tubária e vasectomia para fins de planejamento familiar e controle de natalidade.

Feliciano deve ser denunciado ao Ministério Público Federal

A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) estudda a possibilitade de representar contra Feliciano na Procuradoria-Geral da República. Em nota, assinada por Ricardo Rubim, coordenador de comunicaçãoe do Centro de Articulação de Populações Marginaliazada,  instituição afirma que "Feliciano afronta todos os cidadãos brasileiros e não reflete uma boa conduta para o posto que tem, atingindo indiretamente tambem os que lhe deram votos para o atual cargo, além de ameaçar a boa convivência entre os diversos segmentos religiosos".
Todas as baterias voltaram-se, ao longo da semana, contra o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que associou os negros à promiscuidade. Para reforçar os ataques aos afrobrasileiros, o pastor evangélico e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) avaliou que os negros são amaldiçoados, daí o motivo das dificuldades dos povos do continente africano.