17 de abril de 2011

A bandeira e o racismo

Quarta-feira (13), os brasilienses ficaram surpresos. Um homem subiu no megamastro que mantém hasteada a bandeira brasileira, ao lado do Panteão da Liberdade, e ateou fogo no pavilhão nacional.
Bêbado, drogado, maluco. Todas essas expressões, que naturalmente vieram na cabeça da maioria das pessoas, nada tinha a ver com o protesto de Paulo Sérgio Ferreira, 38 anos. Ele escalou 110 dos 160 metros de altura do mastro para chamar a atenção para a mortalidade de negros no país, o racismo, o preconceito e a discriminação.
Preso, tão logo foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros do DF, Paulo Sérgio foi libertado no dia seguinte.
Na contramão do que naturalmente ocorreria no passado, ele foi acolhido pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) da Presidência da República. O defensor público federal Lúcio Ferreira Guedes explicou que a referência ao racismo foi motivou o seu ingresso no caso.
Paulo Sérgio não deixará de ser punido pela agressão contra o símbolo nacional, mas responderá o processo em liberdade.
O Estado colocou-se em defesa de um cidadão negro. Isso, sim, causou surpresa.
Resta agora uma ação firme contra os que tentam suprimir os direitos dos afrobrasileiros, como os bolsonarianos, os skinhead e os neonazistas, que tentam se organizar para disseminar a intolerância, o racismo e preconceito contra o povo negro e os afroreligiosos.Tão ou mais grave do que tentar incendiar a Bandeira do Brasil é a falsa democracia racial, a queima diária da Constituição por integrantes do Congresso Nacional e do poder público, que insiste em tornar invisíveis uma parcela que corresponde a 51% da população brasileira.

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