Parada Gay 2012 ocupa a Avenida Paulista: mais de 200 mil pessoas |
Milhões de brasileiros foram para a
Avenida Paulista neste domingo em defesa de direitos iguais para os
homossexuais. Discriminados, achincalhados, associados a palavrões, espancados
e assassinados apenas por não serem heterossexuais, como se a orientação sexual
fosse condição sine qua non para definir o caráter de um indivíduo. São vítimas
de programas de televisão, dos legisladores e das religiões. Eles são tratados
como párias de uma sociedade que pretende torná-los invisíveis ou
exterminá-los. Mas eles estavam lá, lotando a Avenida Paulista com cores
exuberantes e, como ninguém, deram exemplo de que é possível protestar com
civilidade e respeito aos fundamentos de uma cultura de paz.
Não tenho formação acadêmica para uma
análise mais profunda desse fenômeno que arrasta multidões. Mas lamento que a
mesma capacidade de mobilização não ocorra em relação à classe política local e
nacional que tantos malefícios impõe à sociedade, sem qualquer discriminação de
classe ou de gênero. As páginas de política dos jornais se confundem com as de
polícia. Não lemos outra coisa senão escândalos movidos à corrupção, desvios de
recursos públicos.
Com raríssimas exceções, os políticos se
tornaram danosos aos interesses coletivos. O espaço é ocupado pelos que se
definem heteros e que legislam em proveito próprio, que utilizam do vil
instituto do fórum privilegiado para assaltar o erário e emergem diante das
câmeras de tevê como ícones da probidade, condição que nem sequer sabem o
significado. É hora de a sociedade ir às ruas, não importando a opção sexual,
para fazer uma ampla faxina no Legislativo. Não será preciso lotar a Avenida
Paulista ou a Esplanada dos Ministérios. Esse movimento é silencioso e está na
ponta dos dedos de cada um por meio do seu voto. Basta que todos queiram sair
do armário contra a corrupção no país.
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