18 de outubro de 2011

Negro é bandido em cartilha da Polícia Militar do DF


Zulmira Quinte
Entre os muitos equívocos do governo Agnelo Queiroz, mais um afeta diretamente a população de negros brasiliense. A Polícia Militar distribuiu um polêmico panfleto em locais de grande circulação — Rodoviária do Plano Piloto e Metrô — para orientar os passageiros do transporte coletivo sobre os cuidados que devem ter, a fim de evitar assaltos. Na imagem, dois negros protagonizam o papel de bandidos e a vítima é um senhor branco.
Por que dois negros são os bandidos? Para a população negra a resposta é óbvia: preconceito, racismo, discriminação etc. etc. Como não bastasse essa pequena lista de ofensas aos negros, não seria leviandade inferir que o compromisso do governo Agnelo, como de resto com a população em geral, não passou de discurso vazio de campanha.
Costumo lembrar a questão da saúde, que reproduz com todas as cores e texturas o mesmo cenário dos antecessores. Mas isso é uma longa conversa, que não cabe nesse momento.
Voltemos à cartilha infeliz, produzida pelo Batalhão da Polícia Militar da Esplanada dos Ministérios. (Veja que o lugar é um dos principais focos de irregularidades federais e os grandes vilões, até o escândalo da Veja envolvendo o ministro dos Esportes, Orlando Silva, só eram brancos.)
A cartilha não ganhou muito espaço na mídia impressa. Mas teve espaço bastante razoável nas emissoras de rádio desta segunda-feira (17). Estranho é que a recém criada Secretaria de Promoção da Igualdade Racial — imitação desidratada da Seppir, órgão ligado à Presidência da República — ficou caladinha.  
Vamos lá, promover os negros em silêncio para não incomodar.

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